Conheça Michelle Marques, a brasileira que chegou nos EUA sem falar inglês, e hoje é formada e fala 4 línguas.

Natural de Juiz de Fora, Minas Gerais, Michelle Marques tinha o sonho de jogar e estudar nos Estados Unidos com uma bolsa de 100%, assim como muitos futuros estudantes-atletas brasileiros.

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Pelo esporte, não haveria problemas. Michelle jogava vôlei em alto nível no Brasil em grandes equipes, como o Banespa, Finasa e São José dos Campos. Logo recebeu propostas muito boas de 100% de bolsa para virar jogadora universitária.

No entanto, havia um grande obstáculo pela frente: a língua. Michelle não falava ou entendia uma palavra de inglês. Para sorte da brasileira, ela recebeu uma proposta de uma universidade que, na época, oferecia aulas de inglês paralelas ao curso universitário, a University of Texas Brownsville (UTB).

Essas aulas são chamadas de ESL (“English As A Second Language”), e são oferecidas por várias universidades americanas que desejam contar com estudantes internacionais, mas sabem que muitos deles ainda não são fluentes no inglês. Aos 21 anos, então, Michelle largou a sua carreira no vôlei brasileiro e decidiu aceitar o desafio de estudar e jogar a liga universitária, mesmo sem ter ideia de como iria se comunicar a princípio.

“Eu realmente não sabia inglês nenhum. O máximo que eu sabia era decorar letra de música, porque crescemos ouvindo muito “80’s rock” com o meu pai. Mas quando eu vim, a UTB oferecia ESL e na época as regras eram mais flexíveis quanto a estudantes que não falavam inglês fluente”, conta a brasileira.

Michelle nos contou também como fez pra aprender e ficar fluente no inglês bem mais rápido do que a maioria dos brasileiros:

“Tinham algumas brasileiras já no time e na universidade, mas eu evitava ficar só com elas, falando português, como a maioria dos brasileiros faz, por ser mais cômodo. Eu fazia muita amizade com o pessoal das minhas aulas justamente pra praticar o máximo que pudesse o meu inglês. Mas o que me ajudou mais mesmo foi insistir em pedir pro pessoal me corrigir se eu falasse alguma coisa errada. As outras meninas ficavam com vergonha de conversar em inglês e até mesmo de conhecer outras pessoas porque elas não queria ser zoadas por cometerem erros gramaticais. Eu não estava nem aí. Sabia que iria cometer erros, mas sabia também que quanto mais eu falasse e tentasse, mais rápido eu pegaria e ficaria fluente.”

Sucesso dentro e fora das quadras

Após quatro anos universitários no Texas, dá pra se dizer que a jovem mineira é o maior exemplo de sucesso de um/uma estudante-atleta brasileiro(a) nos Estados Unidos.

Michelle foi Bi-Campeã Nacional da NAIA, tendo sido eleita por duas vezes All-American (prêmio de maior prestígio do esporte universitário americano). Foi também quatro vezes campeã da Conferência do Texas, nos quatro anos que jogou. Mas, apesar de ser a brasileira com o melhor desempenho esportivo da liga universitária americana, é fora das quadras que Michelle realmente se destaca da maioria.

Formada como bacharel em Letras (Literatura e Linguística), Michelle aproveitou os seus quatro anos de carreira universitária para estudar também o Francês, e acabou se formando na língua no que o americano chama de “Minor”, que é como se fosse uma especialização extra do seu diploma. Portanto, a jovem é formada em Línguas (Inglês) com um “Minor” em Francês.
E, por ter morado quatro anos no sul do Texas, em uma cidade majoritariamente mexicana, a brasileira também aprendeu e se tornou fluente em espanhol.

Hoje, Michelle está no Kansas cursando o último ano de mestrado em administração de empresas, curso todo pago pela universidade, devido ao seu sucesso dentro e fora das quadras.

A jovem que chegou nos Estados Unidos sem conseguir se comunicar, hoje fala inglês como uma americana, e é fluente em Espanhol e Francês, fora o Português, claro. É formada e está perto de concluir o mestrado. Um currículo de dar inveja a muito americano.