Futebol nos EUA: Vale a pena largar tudo no Brasil?

Como funciona o sistema de bolsas esportivas, se tem que pagar alguma coisa e quanto, e, principalmente, se eu tenho algum arrependimento em ter desistido de tentar jogar do Brasil pra ter vindo pros EUA jogar futebol por uma Universidade.

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Muita gente que me acompanha vem me perguntando ao longo dos últimos meses como estão as coisas aqui nos Estados Unidos. Como é estudar e jogar a Liga Universitária americana, quais são as maiores dificuldades de adaptação por aqui, qual o nível de inglês que precisa ter pra chegar aqui preparado, quais as diferenças entre as várias ligas do ‘college soccer’, como funciona o sistema de bolsas esportivas, se tem que pagar alguma coisa e quanto, e, principalmente, se eu tenho algum arrependimento em ter desistido de tentar jogar do Brasil pra ter vindo pros EUA jogar futebol por uma Universidade.

Bom, ao longo dos meus posts aqui abordarei cada um desses assuntos citados acima, assim como muitos outros temas que tenho um bom conhecimento, por estar aqui há algum tempo e estar sempre estudando e lendo a respeito também.

No post de hoje, começarei pelo mais importante, ao meu ver, e também o mais comum e que me é perguntado com mais frequência por futuros estudantes-atletas da Next: A decisão de vir estudar e jogar futebol nos Estados Unidos.

Pode parecer uma decisão fácil, afinal, quem não quer vir pros Estados Unidos com uma bolsa esportiva de até 100%, estudar e jogar futebol por uma universidade americana, viajar pelo país inteiro, se formar e voltar pro Brasil fluente no inglês e, quem sabe, ainda ter uma chance de jogar na Major League Soccer?

Mas, definitivamente, não é uma escolha fácil.
Tomar a decisão de ‘largar tudo’ aí no Brasil e vir para os Estados Unidos é o primeiro e mais importante passo na vida de um estudante-atleta. E o medo do desconhecido, do novo, de chegar num lugar diferente, com uma cultura diferente pra ficar direto por 4, 5 anos, tendo que amadurecer e se virar sozinho por muitas vezes, é algo totalmente normal e que TODOS aqueles que vieram pra cá passaram e sentiram.

– Acreditem: Eu senti MUITO!

– Muitas vezes eu cheguei a pensar:

“Cara, o quê que eu estou fazendo?! Vou deixar pra trás minha vida, minha família, meus amigos e todas as pessoas que amo e me jogar num mundo desconhecido, onde eu nem sei se as coisas vão dar certo, se eu vou gostar..”

E eu sinto que esse é o principal medo daqueles que vêm me pedir dicas e conselhos, que me procuram pra saber como que é tudo por aqui. Muitos se mostram preocupados, com medo do desconhecido, e me perguntam sobre isso de várias maneiras diferentes, mas a minha resposta, DE CARA, é sempre a mesma:

“Cara, LARGA TUDO E VEM EMBORA!”

E, com isso, eu não quero desencorajar os que ainda sonham em jogar futebol no Brasil, ou aqueles que já têm um futuro planejado há anos, de passar pra uma universidade federal braileira, se formar e conseguir um bom emprego por aí mesmo.
É claro que vão ter profissionais bem sucedidos que optaram por ficar aí no Brasil, como vão ter alguns que vão vir pra cá e não vão aproveitar o mundo de oportunidades que é dado por aqui. Nesse caso, a matemática nunca é exata, e o futuro só depende de você.

Mas uma coisa eu posso falar com propriedade. A experiência aqui é MARAVILHOSA, algo fora do comum!

Já ouvia isso de amigos que vieram e ‘tentaram a sorte’ por aqui antes de mim, e quando chegou a minha vez, eu só confirmei. TUDO é demais!

Em pouco mais de um ano aqui, eu conheci e fiquei muito amigo de pessoas do mundo todo: Estados Unidos, Inglaterra, Japão, Irlanda, Austrália, França, Suécia, Dinamarca, Egito, Áustria, Servia, etc.. Todos esses são países que fiz grandes amigos e que, hoje, eu tenho uma casa pra ser muito bem recebido, caso queira viajar e visitá-los.

Em pouco mais de um ano aqui, eu viajei pelos EUA todo e conheci diversos estados e cidades americanas, como Texas, Kansas, Oklahoma, Florida, California, Washington, Louisiana, Ohio, Kentucky, Tennessee, Chicago, Seattle, West Virgina, Alabama, etc.

Fora que melhorei MUITO o meu inglês bem rapidamente, por ser obrigado a viver a língua, estudo numa faculdade de ponta, até francês eu comecei a fazer, pois toda faculdade aqui você pode pegar matérias de ‘línguas’ como parte do seu curso, treino e jogo em estruturas e campos absurdos, que por vezes são melhores que a estrutura de muitos clubes profissionais brasileiros, e tudo isso bancado pela própria faculdade, como parte do projeto americano que investe bilhões em bolsas acadêmicas e esportivas todos os anos.

Portanto, pra finalizar, se você tem esse sonho de vir pra cá estudar e jogar futebol, como eu um dia tive também, mete a CARA!

– Não tenha medo!

– A experiência é MARAVILHOSA!

Ahh.. E respondendo à pergunta que futuros estudantes-atletas da Next me fazem quase todos os dias:

“Se eu tenho algum arrependimento dessa minha decisão de ter largado tudo aí no Brasil e ter vindo pra cá?”

– Sim, eu tenho!

Me arrependo muito de não ter largado tudo ANTES e ter vindo pra cá ainda mais jovem pra aproveitar oportunidades ainda maiores do que as milhares que estou tendo hoje.

Porque, apesar de no meu caso ter sido um pouco mais tarde, essa foi a melhor decisão que eu tomei na minha vida! E eu desejo o mesmo pra todos aqueles que acreditam nos seus sonhos!

Sobre Cauê Salgado:
Jogou na base do Brasil por 6 anos, de 2008 a 2013, pela Portuguesa, Boavista e Artsul, com breves passagens pelas camadas de formação do Botafogo e Figueirense.

Em 2014 foi para os Estados Unidos jogar o College Soccer pela UTB – University of Texas at Brownsville – e logo em seu primeiro ano foi vice-campeão nacional e ganhou diversos prêmios importantes, sendo o mais importante deles o MVP de defesa do Campeonato Nacional Universitário da NAIA.

Em fevereiro de 2015, participou de um período de treinamentos da pré-temporada da equipe reserva do Seattle Sounders, um dos principais times da MLS hoje.

Após esse período, fechou sua transferência pra Lindsey Wilson College, universidade localizada no Kentcuky, e que é uma das principais forças do campeonato universitário americano.

Hoje joga pela universidade 9 vezes campeã nacional e já é um dos capitães do time em seu segundo ano apenas, devido ao seu espírito de liderança, comprometimento, dedicação e vontade de vencer e de se preparar acima da média.

Também estuda comunicação, e tem o objetivo de trabalhar como escritor e jornalista esportivo assim que se formar nos Estados Unidos.

Apesar de estar em seu segundo apenas nos EUA, já é fluente no inglês, pois se dedica todo dia a aprender a língua e estar sempre melhorando, a ponto de falar o idioma tal qual um americano.